

Falámos com o Rodrigo Serrão, que vai estar em Setembro, no Espaço Espelho D’Água, com um ciclo de concertos. E ficou assim:
Quando começaste a compor?
A Composição é algo que me acompanha desde a infância, quando começei a brincar com os primeiros instrumentos. Não sabendo ainda tocar nenhum, ia descobrindo as características deles compondo pequenas peças consoante aquilo que mais me agradava. É uma outra faceta criativa que me tem acompanhado ao longo dos anos, compondo e escrevendo para as inúmeras pessoas com quem trabalhei ou aqueles com quem me cruzo e pedem temas, poemas…
E o Chapman Stick? O que é?
O Chapman Stick é um sonho tornado realidade: Instrumento de cordas (que são aqueles onde melhor me sinto a tocar) mas que abarca toda a extensão músical da música ocidental, coisa até agora apenas conseguida, a este nível, com o piano. É a junção das características de um piano, uma guitarra, um baixo, uma harpa e uma bateria. Tudo num só instrumento, com uma abordagem e um som próprios. É o instrumento de cordas completo.
Quais são as tuas influências? O que te inspira?
As minhas influências são difícies de identificar por completo, como aliás as de qualquer outra pessoa. Desde os Dire Straits da minha infância, ao Carlos Paredes da adolescência, ao Jazz, ao Fado, à música Pop, às músicas tradicionais europeias… sendo que começa tudo a Bach e a lá torna sempre no final. É a referência da música ocidental de todos nós, quer se tenha ou não consciência disso.
A inspiração é uma coisa complexa: é a ideia que surge num dado momento proveniente de qualquer coisa: uma experiência, um som, um conceito, filtrada pelo somatório daquilo que reconhecemos, aprendemos e gostamos. O que me inspira é a vida, a vontade de exprimir coisas e provocar emoções através do som.
Quais os nomes do Jazz, Fado, Pop, World Music que mais te marcaram ao longo do teu percurso?
Alguns nomes: Bill Evans, Carlos Paredes, Camel, James Taylor, Bob Culbertson agora no Stick… Os mais importantes têm sido todos os músicos com quem tenho tocado ao longo dos anos. Cada um tem uma ideia, um conceito. É ao desenvolvermos um ponto comum dentro de uma linguagem musical que saímos da zona de conforto e aprendemos, desenvolvemos, crescemos enquanto artistas. Cada um deixa ficar um pouco de si em cado outro.
Que artista ou banda gostarias de trazer de volta a este mundo?
Bach, sempre Bach. É o pai da música.
Já gravaste em mais de 100 discos! Que projetos tens em mente a curto prazo?
Neste momento acabei alguns projectos que serão lançados no próximo ano e preparo um disco meu no Chapman Stick. É o resultado do espectáculo que tenho estado a apresentar, umas vezes a solo, outras com convidados. É o projecto que mais me chama no momento: fazer exactamente a música que gosto e quero.
Músico, compositor e produtor? O que mais te desafia?
Na verdade tudo. O desafio, desde que criativo, é sempre interessante. Começamos do silêncio, damos algo que é individual porque cada um de nós é irrepetível e acabamos sempre com algo que não existia e passa a ser realidade. É essa a graça de qualquer um dos papeis.
O que mais gostas de fazer para além da música?
Tenho vários hobbies, mas a seguir à música vem a escrita. Outra vez o lado criativo, dá-nos um propósito para sair da cama logo de manhã: colocar algo no mundo que não existia antes, tudo vivido com a graça de uma criança a brincar com legos.
Porquê o Espaço Espelho D’Água?
Porque o convite era irresistível: o espaço é extraordinário e inspirador com condições óptimas para um concerto intimista, porque me ofereceram a hipótese de fazer a minha música como quisesse e com quem quisesse, porque um ciclo de concertos permite criar um novo a cada data e explorar caminhos diferentes de cada vez e, finalmente, porque a simpatia do Mário e da Mona tornam impossível a palavra não.
O que se pode esperar de Rodrigo Serrão no próximo dia 9 de Setembro, no Espaço Espelho D’Água?
Este é o segundo concerto do ciclo que se estenderá ao longo de Setembro. Partindo de alguns clássicos do Fado, passando pela poesia e visitando peças tradicionais da música Popular de raiz europeia, a Fernanda Paulo (voz) e eu (com o chapman Stick) oferecemos um concerto concebido para explorar emoções e viajar através da música numa redescoberta de palavras com sabor antigo misturadas com a intimidade de um instrumento singular.